Pesquisadora alerta para os perigos dos novos antibióticos
23/11/2011
A categoria médica de todo o mundo está cada vez mais preocupada com a importância do surgimento de novos antibióticos. Diversas operações que parecem simples são impossíveis sem esses remédios, ao mesmo em que o cenário atual coloca sua existência em xeque.
O grande problema, porém, é que algumas bactérias estão criando resistência aos medicamentos que hoje existem. Um exemplo é a variação da eschericha coli, que causou um surto na Alemanha e matou mais de 40 pessoas entre maio e junho deste ano.
Em artigo publicado na edição online da revista médica “Lancet Infectious Diseases”, Laura Piddock, da Faculdade de Imunidade e Infecção da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, avalia a situação como urgente.
Em sua visão, o público não tem dimensão da importância dos antibióticos porque tem acesso muito fácil a eles. “Antibióticos não são vistos como essenciais à saúde ou à prática da medicina, embora salvem vidas de forma que os indivíduos possam viver muitos anos depois da infecção”, defende.
Ainda, há dois anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) colocou a resistência aos antibióticos como uma das três maiores ameaças à saúde. Ainda assim, a pesquisadora vê a resposta dos políticos, da mídia e do público, como insuficiente. “Como a falta de antibióticos afeta a todos, levar essa questão da esfera médica para o olhar público é essencial, pois estimula os governos a agirem”, acrescenta.
A especialista fala também sobre a falta de interesse da indústria farmacêutica em investir no setor. Os tratamentos à base de antibióticos costumam ser curtos e a resistência das bactérias é desenvolvida rapidamente, o que diminui o lucro gerado pelo remédio.
“As companhias farmacêuticas precisam reconhecer que muitos remédios caros em seus portfólios podem ser inúteis se os pacientes tiverem infecções fatais. Portanto, o retorno do investimento em produtos que tratam cânceres ou doenças crônicas depende, em parte, do tratamento eficaz das infecções. Só isso já deveria ser incentivo suficiente para as companhias farmacêuticas continuarem a desenvolver antibióticos”, termina.