Um dos sintomas considerados mais incômodos da menopausa – as variações súbitas e intensas de calor – de acordo com uma pesquisa norte-americana, sugere que pode ser sinal de menor risco de problemas cardiovasculares como ataques cardíacos e derrames. A pesquisa foi realizada por médicos do Northwestern Memorial Hospital de Chicago, nos Estados Unidos, e publicada há uma semana na revista especializada Menopause. “Os sintomas podem ser incômodos, mas as ondas de calor não são totalmente ruins”, fala Emily Szmuilowicz, endocrinologista do Northwestern Memorial Hospital, que liderou o estudo. “Nossa pesquisa mostra que, apesar de relatos anteriores sugerirem que os sintomas da menopausa estavam associados a maiores níveis de risco de doenças cardíacas como alta pressão arterial e colesterol, o resultado [do estudo] nos conta uma história diferente”. DEZ ANOS DE OBSERVAÇÃO Emily e a equipe – formada por médicos do hospital de Chicago e também da Escola de Medicina de Harvard – analisou informações médicas de 60 mil mulheres durante dez anos. Estas mulheres faziam parte de um programa de observação da saúde da mulher, criado para determinar a relação entre os sintomas da menopausa e incidentes cardiovasculares. As participantes do estudo foram divididas em quatro grupos: mulheres que sentiam as variações de calor e calor noturno no começo da menopausa; que apresentavam os sintomas mais tarde durante a menopausa; que apresentavam as ondas de calor nos dois períodos; e aquelas que não tinham o sintoma. “Descobrimos que as voluntárias que tinham os sintomas no climatério [período da transição da fase reprodutiva para a fase não fértil] tinham menos eventos cardiovasculares do que aquelas que tinham as ondas de calor mais tarde [durante a menopausa] ou aquelas que não tinham o sintoma”, conta a pesquisadora. Ainda, antes do estudo, havia a preocupação de que os sintomas da menopausa, que resultam da instabilidade dos vasos sanguíneos na pele, poderiam aumentar o risco de outros tipos de problemas vasculares. “É animador que estes sintomas, que são sentidos por tantas mulheres, não parecem ter relação com o maior risco de doença cardiovascular”, confirma a Dra. Szmuilowicz. Contudo a equipe de pesquisadores afirma que serão necessários mais estudos para compreender o mecanismo que levou ao resultado atual, mas afirmam que os resultados observados já significam boas notícias para milhões de mulheres que sofrem com estes sintomas. “Ondas de calor nunca serão agradáveis, mas talvez estas descobertas façam com que sejam mais toleráveis”, resume a endrocrinologista.