Cientistas desvendam duas importantes “armas” para melhor auxiliar contra o câncer

30/03/2011

Pesquisa da Universidade do Estado da Louisiana, nos EUA, conseguiu entender um mecanismo pelo qual os tumores se defendem da quimioterapia e da radioterapia. A descoberta pode ser um passo importante no desenvolvimento de novas técnicas que aumentem a eficiência dos tratamentos contra o câncer. O estudo foi divulgado pela revista Science Signaling, da Associação Americana para Avanço da Ciência (AAAS, em inglês). Nos experimentos os cientistas usaram a cisplatina – uma droga quimioterápica normalmente aplicada como primeiro combate contra vários tipos de câncer e descobriram que a redução da produção de uma proteína específica, chamada BIN1, altera o processo de reparo de DNA e, portanto, o desenvolvimento do tumor. “Nosso estudo providencia um mecanismo forte e inédito pelo qual o câncer adquire resistência ao dano no DNA”, acredita Daitoku Sakamuro, professor de patologia da Universidade da Louisiana que liderou a equipe de pesquisadores. Ainda, de acordo com a Universidade, os pesquisadores sugerem que, além de oferecer um caminho para futuros estudos, a descoberta também pode ajudar a prever a eficiência que um tratamento pode ter em cada paciente por meio da avaliação dos níveis dessa proteína. ENTENDENDO O CÂNCER DE SANGUE Outro estudo publicado, no último dia 23, pela revista britânica Nature, mostra a relação mais completa já estabelecida entre os prováveis fatores genéticos que provocam o mieloma múltiplo – uma forma comum de câncer de sangue, na qual os leucócitos (células brancas) se multiplicam excessivamente. O mapeamento foi feito a partir de pesquisas com o DNA de 38 portadores da doença, em um estudo realizado em parceria por 21 instituições científicas da América do Norte. Células sanguíneas brancas são produzidas na medula óssea e fabricam os anticorpos que ajudam o sistema imunológico a defender o organismo. O mieloma múltiplo ataca estas defesas, deixando os pacientes extremamente expostos a infecções. A taxa de sobrevivência da doença é pequena se comparada a de outros tipos de câncer, sendo que cerca de 20 mil novos casos são diagnosticados nos Estados Unidos todos os anos, e menos de 40% dos pacientes vivem por mais de cinco anos. O sequenciamento genético olha através do código do DNA em busca de pequenas variações que poderiam explicar porque algumas pessoas correm o risco de desenvolver a doença, e outras não. O custo do sequenciamento caiu bastante nos últimos anos, o que significa que os cientistas agora são capazes de ampliar ainda mais sua rede de conhecimentos genéticos – estudos anteriores sobre o mieloma múltiplo, por exemplo, trabalhavam apenas sobre os dados genéticos de um único paciente. “Pela primeira vez conseguimos ver, em nível molecular, o que pode ser a causa desse mal”, afirma David Siegel, do John Theurer Cancer Center, da Universidade de Hackensack, em New Jersey (EUA). “Já sabemos o que provoca muitos tipos de câncer, mas até hoje tínhamos poucas pistas sobre as causas do mieloma”, completa. Uma análise preliminar das variações do DNA sugere haver caminhos comuns – especialmente no sistema de fabricação de proteínas – que permitem a uma célula cancerosa sobreviver, invadir e se multiplicar no organismo. Entender mais sobre estes caminhos comuns levará os cientistas a uma compreensão maior sobre o funcionamento básico do mieloma e, mais tarde, permitirá o desenvolvimento de medicamentos capazes de combatê-lo, esperam os pesquisadores. “Esse é um bom exemplo de como a análise genética pode ajudar a orientar o campo farmacêutico na direção certa de maneira dramática”, estima Todd Golub, diretor do programa de pesquisa do câncer no Broad Institute of Harvard University e no Massachusetts Institute of Technology (MIT) – ambos nos EUA.
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