Cientistas conseguem diminuir risco de câncer em células-tronco induzidas
15/06/2011
Pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão, desenvolveram um novo sistema que reduz o risco de células-tronco artificiais se tornarem cancerígenas. A novidade foi publicada na última semana, no jornal econômico local Nikkei.
A descoberta, que também será publicada na revista científica Nature, abre novas perspectivas na medicina regenerativa, ao reduzir o que atualmente representa um dos maiores riscos do uso das células-tronco artificiais neste campo. A pesquisa foi realizada por uma equipe de pesquisadores que inclui Shinya Yamanaka – médico especialista em cirurgia ortopédica, em colaboração com o Instituto Nacional de Ciência Industrial e Tecnologia Avançada (AIST) do Japão.
Em 2006, Yamanaka conseguiu gerar as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas (ou células iPS, na sigla em inglês), que possuem a capacidade de se transformar em qualquer tipo celular especializado – uma descoberta que lhe valeu diversos reconhecimentos, como o prestigioso Prêmio Shaw. Até a divulgação do trabalho de Yamanaka, os pesquisadores achavam que esta habilidade era exclusiva das células-tronco embrionárias.
O problema, no entanto, era que as células iPS tornavam-se cancerígenas em muitas situações após se desenvolverem em diferentes tipos de tecidos – o que representava um empecilho para seu uso na medicina regenerativa.
A nova descoberta, porém, foi feita depois que os cientistas revisaram mais de 1,4 mil genes com a ajuda da base de dados do AIST para substituir o fator que associava as células iPS ao câncer.
Dessa forma encontraram o chamado Glis1, definido pelo próprio Yamanaka como “o gene mágico”, que significará “um grande passo adiante para as aplicações clínicas”, conforme suas próprias palavras. Além de reduzir o risco de câncer, o Glis1 pode gerar células iPS de um modo dez vezes mais eficiente que antes.
Os cientistas acreditam que as células iPS possam se desenvolver em tecidos humanos e órgãos, o que daria um grande impulso à ciência regenerativa. No entanto, indicaram que, embora o risco diminua, outros genes que intervêm no processo podem provocar câncer. Por isso as pesquisas que buscam reduzir tais riscos devem continuar.