Vacina injetável deve substituir “gotinhas” na prevenção contra a pólio

07/09/2011

As famosas gotinhas, usadas normalmente no Brasil para combater a paralisia infantil (poliomielite), poderão ser substituídas pela versão injetável da vacina. A troca está sendo cogitada pelo Ministério da Saúde e é citada por médicos como benéfica pelo fato da injeção não apresentar o risco de reações adversas – como em um bebê de um ano e quatro meses em Pouso Alegre, Minas Gerais, que pode ter desenvolvido a doença após receber uma dose das gotinhas. Conhecida como Sabin, a vacina oral contém um vírus atenuado da doença, tendo sido responsável por erradicar a doença no país há 20 anos após campanhas de vacinação, popularizadas no Brasil pelo personagem Zé Gotinha. No caso de Minas, a criança foi diagnosticada pelo médico Walter Luiz Magalhães como portadora de paralisia intensa e flacidez nas pernas e no braço direito (sintomas que podem ter sido causados pelo vírus da poliomielite). – Sidnéia Branco Teixeira, de 38 anos, afirma que seu filho começou a desenvolver os sintomas da doença em novembro de 2010, dias após receber a terceira vacina administrada por via oral (gotas). O menino teria tido febre uma semana após a dose e começou a perder os movimentos da perna 15 dias depois. “Especialmente durante a administração das primeiras doses, o vírus pode sofrer uma mutação no intestino e retomar a habilidade de causar a doença”, explica o Dr. Renato Kfouri, Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), que completa: “A ideia de substituir vem exatamente por causa deste tipo de notificação”. A troca da vacina já foi adotada em países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e alguns europeus. A substituição do uso da Sabin pela versão injetável – conhecida como Salk – é uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas deveria ser feita somente quando fosse constatada a erradicação total do vírus no mundo. Mas, apesar da ameaça, os efeitos adversos das gotinhas são raríssimos. Conforme o Ministério da Saúde, a cada 3 milhões de doses orais aplicadas em crianças em todo o mundo, somente uma irá causar a poliomielite. No Brasil, foram 46 casos de paralisia infantil pós-vacina nos últimos dez anos, de um total de 457 milhões de doses aplicadas até hoje no país. Enquanto isso, no mundo, são registrados 500 casos por ano de paralisia após a vacina Sabin. O último caso confirmado de contaminação pelo vírus selvagem no Brasil aconteceu na cidade de Souza, no Estado da Paraíba, em 1989, sendo que o vírus ainda é ativo em 26 países no mundo como Índia, Nigéria e Paquistão. Casos de contaminação pela vacina devem ser comunicados obrigatoriamente ao Ministério da Saúde em até 48 horas e, de acordo com o órgão, no caso da criança de Pouso Alegre, a notificação apenas aconteceu depois de dias. – A demora impede ações de vigilância e dificulta saber se a doença (caso seja confirmada como poliomielite) foi causada pelo vírus atenuado da vacina ou por um vírus selvagem. PLANOS DE SUBSTITUIÇÃO O Ministério da Saúde anunciou, no final de agosto último, que estudava substituir a vacina em gotas contra a doença pela imunização por injeção. Para o órgão, a vacina Salk (administrada dentro do músculo) é melhor que a Sabin, pois é feita com o vírus morto – o fato do micro-organismo estar inativo impediria o surgimento da poliomielite entre os vacinados. No entanto, mesmo cogitando realizar a substituição, o Ministério da Saúde reconhece que somente a vacinação em gota poderia realizar o trabalho de erradicação da doença no Brasil, já que a aplicação das gotas é muito mais simples e possui a vantagem de imunizar indiretamente toda a população por meio da circulação do vírus atenuado (eliminado na natureza através de fezes das crianças que tomaram as doses).
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