Estudo afirma que má alimentação pode causar depressão
02/02/2011
Ingerir alimentos ricos em gorduras trans e saturadas aumenta os riscos de depressão, conforme um estudo espanhol publicado nos Estados Unidos, confirmando os resultados de estudos anteriores que vinculavam o consumo de fast-foods a esta doença. Os cientistas que participaram da pesquisa também demonstraram que alguns produtos como óleo de oliva, ricos em ácidos graxos ômega 3, podem combater o risco de doença mental.
Autores do amplo estudo, realizado pelas Universidades de Navarra e Las Palmas de Gran Canaria, acompanharam e analisaram a dieta e o estilo de vida de cerca de 12 mil voluntários ao longo de seis anos. Quando a pesquisa começou, nenhum dos participantes havia sido diagnosticado com depressão e, ao final dela, 657 tinham desenvolvido a doença.
"Participantes com um consumo elevado de gorduras trans [presentes em alimentos industrializados e fast-foods] apresentaram até 48% de aumento no risco de depressão quando comparados com participantes que não consumiam essas gorduras", afirma o chefe dotrabalho.
Almudena Sanchez-Villegas, professor associado de medicina preventiva da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, também observou que "quanto mais gorduras trans eram consumidas, maiores eram os efeitos negativos produzidos nos voluntários".
Também a equipe de pesquisas descobriu, ao mesmo tempo, que depois de avaliar o impacto de gorduras poli-insaturadas (compostas de quantidades maiores de óleos de peixes e vegetais), estes produtos "ficam associados a um risco menor de sofrer depressão".
O estudo, no entanto, publicado na edição online do jornal PLoS ONE, destacou que a pesquisa foi realizada com uma população europeia que tem ingestão relativamente baixa de gorduras trans (compondo apenas 0,4% do total de energia ingerida pelos voluntários). Mas, apesar disso, "observamos um aumento no risco de sofrer de depressão de cerca de 50%", confirma o cientista Miguel Martinez, que acrescenta: "Com base nisso, deduzimos a importância de levar em conta esse efeito em países como Estados Unidos, onde o percentual de energia derivada destas gorduras é por volta de 2,5%".
Contudo a pesquisa conseguiu indicar que o número atual de pessoas com depressão no mundo é de 150 milhões – sendo que o montante aumentou consideravelmente nos últimos anos. Este aumento é imputável, de acordo com seus autores.
Ainda, embora não seja foco do estudo, os cientistas indicam que a doença cardiovascular fatal é "influenciada de forma similar pela dieta e pode partilhar de mecanismos similares em sua origem".