Os perigos da obesidade infantil
11/07/2013
Existem algumas doenças que possuem um caráter quase democrático. São aquelas que não distinguem classe social, cor, credo, nacionalidade ou até mesmo faixa etária. Talvez a mais abrangente delas seja a obesidade, que pode ser o estopim de problemas como o diabetes, hipertensão, infartos e derrames.
Embora muitas pessoas ainda não tenham se atentado a esse fato, nem mesmo os bebês estão livres desse fantasma. No Brasil, nada menos que 10% das crianças na faixa etária abaixo dos 5 anos já têm sobrepeso ou são obesas, um dado preocupante, já que essa característica pode aumentar o risco delas se tornarem adolescentes e, de quebra, adultos obesos.
Para muitas mães, especialmente aquelas de primeira viagem, ter um bebê rechonchudo é sinônimo de saúde, sem saber que o futuro que aguarda a criança é, na verdade, assombroso. Para se ter uma ideia, num panorama geral, apenas na faixa dos 5 aos 9 anos, os casos de crianças obesas cresceu 300% entre 1989 e 2009 — e, com ela, a incidência de doenças que antes só importunavam gente grande.
Apesar de não serem as únicas causas, erros na alimentação e a falta de atividades com gasto calórico, são apontados como os grandes culpados pelo excesso de peso na criançada. Falar em dieta equilibrada e uma vida ativa pode soar genérico. Por esse motivo, listamos aqui fatores mais específicos — alguns contornáveis, outros nem sempre — que merecem atenção desde cedo. Evitá-los contribui para uma vida adulta mais esbelta e saudável.
1) Mamadeira depois dos 2 anos
Surgiu da parceria entre a Universidade do Estado de Ohio e a Temple University, nos Estados Unidos, a pesquisa que acende o alerta em relação à mamadeira. Segundo o levantamento, feito com quase 7 mil crianças, usá-la como principal meio de ingestão de líquidos depois dos 2 anos abre caminho para o excesso de peso, porque a mamadeira é oferecida como complemento à alimentação sólida.
2) Pouca brincadeira
Eis um elemento importantíssimo na equação que leva ao acúmulo de gordura: o sedentarismo. O fato de vivermos cada vez mais numa sociedade onde as casas e brincadeiras de rua dão lugar a pequenos apartamentos e atividades internas, como tv, computador e videogame faz com que os pequenos se naturalmente se movimentem menos que antigamente. Parece óbvio, mas muitos adultos não dão a mínima para as brincadeiras ao ar livre, por exemplo. Sendo assim, da mesma forma que os pais se preocupam com matrículas em cursos de línguas desde cedo, devem estimular a atividade física regular.
3) Falta de orientação médica
Não é pelo tamanho das crianças que os cuidados com a saúde devam ser proporcionais. Não dá para esquecer que a obesidade é uma doença e, como tal, pode ser desencadeada por síndromes, disfunções hormonais e fatores genéticos. Um caso de hipotireoidismo, por exemplo, em que a glândula tireoide funciona em ritmo mais lento e leva ao ganho de dobrinhas, requer orientação e tratamento. A possibilidade de um fator biológico estar por trás da gordura extra sempre deve ser investigada pelo pediatra ou pelo endocrinologista.
4) Colheradas extras
Como citamos acima, para muitas mães, um filho saudável é um filho “fortinho”, e nesse pensamento surge a quantidade de comida exagerada oferecida aos filhos, muitas vezes na mesma até na mesma quantidade dos adultos. Segundo nutricionistas, o melhor é servir menos e, depois, se a criança quiser repetir, acrescentar um pouco mais ao prato, sem exageros.
5) Falta de familiaridade com opções saudáveis
É na infância que o paladar começa a se desenvolver. E o prazer é essencial na relação que estabelecemos com os alimentos. É no início da vida que devemos tomar gosto por frutas, verduras, legumes e comidas com pouco sal, rotina que facilita muito as coisas lá na frente. Não que a tarefa seja fácil, mas os próprios pais devem servir de exemplo para as crianças especialmente na hora da alimentação.
6) Ambiente estressante
Mudança de casa, nascimento de um irmão, bullying na escola ou uma doença são exemplos de situações que deixam a criança sob tensão. Mas há casos em que o relacionamento com os pais já é, por si só, motivo de insegurança. Pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, descobriram que pequenos de 2 anos que se sentem emocionalmente inseguros estão 30% mais sujeitos a desenvolver obesidade.