Pesquisa diz que 15% das brasileiras com mais de 40 sofrem de osteoporose
16/03/2011
A osteoporose é uma doença que exige cuidados durante toda a vida – e muito antes que ela se manifeste. Nas mulheres, porém, o cuidado deve ser redobrado. Um estudo realizado no Brasil estima que 15% das mulheres com mais de 40 anos sofram com os efeitos desse mal que fragiliza os ossos.
A pesquisa, realizada em 2008, acompanhou 2470 pessoas (725 homens e 1695 mulheres), usando dados do último Censo para reproduzir, nas proporções certas, as diferentes características da sociedade brasileira. Foram levados em conta critérios geográficos (como em que região a pessoa mora e se ela vive na cidade ou no campo), étnicos, socioeconômicos, educacionais e profissionais.
Para o estudo, esses altos índices constituem em um “problema de saúde pública”. No entanto, o reumatologista Marcelo de Medeiros Pinheiro – quem conduziu a pesquisa, não acredita que tenha havido aumento no número de casos da doença.
“Provavelmente não sabíamos disso, já que esse foi o primeiro estudo com levantamento em todas as regiões do país. Antes havia muitas pesquisas em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, por exemplo, mas a gente sabe que o país tem uma miscigenação muito grande”, comenta o médico.
A DOENÇA
O critério para determinar se alguém tem indícios da doença está no tipo da lesão. “Fratura por osteoporose é aquela que decorre de uma queda menor que a própria altura, ou seja, escorregão no banheiro, tropeço na calçada”, define Dr. Pinheiro.
E, como já dito, o problema é mais comum em mulheres: “A osteoporose é marcante nelas [mulheres] por causa da menopausa. A queda dos hormônios femininos leva a uma perda óssea acelerada em torno de 20% e 30% daquelas que entram na menopausa; elas vão consumir osso. Isso ocorre porque o hormônio feminino é importante para a regulação tanto da formação, quanto da destruição óssea”, explica.
Por ser causada pela queda hormonal, a osteoporose é também uma doença típica do envelhecimento. É rara até os 50 anos, mas, a partir dessa idade, o risco e o número de incidências crescem exponencialmente.
Mas a osteoporose também ocorre nos homens. De acordo com a pesquisa, 13% dos voluntários com mais de 40 anos tiveram fraturas ligadas à doença. Entre eles, a queda de produção hormonal se dá mais tarde e, por isso, o problema demora mais a se manifestar.
Assim, se todos os cuidados forem dirigidos apenas às mulheres, há o risco de que a doença se agrave no sexo masculino. “Homens foram negligenciados por muito tempo, tanto que a Organização Mundial da Saúde tem hoje uma projeção de que essa doença vá aumentar muito mais nos homens do que nas mulheres nos próximos dez ou 12 anos”, observa o reumatologista.
CUIDADOS
A melhor maneira de se prevenir contra a doença é ingerir bastante cálcio para fortalecer os ossos. Leite e seus derivados são a principal fonte do elemento na alimentação, enquanto que verduras e peixes (sobretudo atum e salmão) são alternativas aos laticínios.
“Essa prevenção começa desde a infância; é na infância e na adolescência que a gente faz nossa ‘poupança de cálcio’. Depois disso, o potencial da gente em ‘armazenar cálcio’ diminui bastante”, relata Dr. Pinheiro, que ressalta, contudo, que nunca é tarde para se ingerir o mineral.
Já na avaliação do reumatologista, os hábitos alimentares dos brasileiros – normalmente elogiados pelos médicos por terem carboidratos, proteínas e gorduras bem balanceados, deixam a desejar em relação aos minerais (no caso o cálcio).
“Não faz parte do hábito cultural do brasileiro consumir alimentos ricos em cálcio de forma geral, a não ser quando se está na amamentação e no início da infância, quando se toma bastante leite. Depois disso o adolescente relaciona leite a bebê e começa a rejeitar um pouco esse alimento”, observa.
Mas ainda existem outros fatores que podem levar ou não à osteoporose: fumo, sedentarismo e baixo peso, que aumentam o risco do surgimento da doença. Além disso, há influência genética, quando pessoas com histórico na família têm maior possibilidade de desenvolvê-la, “lembrando que a osteoporose tem tratamento se diagnosticada no começo, podendo ser controlada com remédios, considerados eficazes”, termina o médico.