Cinco novos genes de risco de Alzheimer são descobertos
13/04/2011
Neste mês pesquisadores identificaram cinco novos genes relacionados ao início do mal de Alzheimer, dobrando o número anterior de genes ligados à doença degenerativa. Assim, se medicamentos ou mudanças de estilo de vida puderem ser criados para combater tais variações genéticas, mais de 60% dos casos de Alzheimer poderão ser prevenidos, conforme os cientistas, cujo trabalho foi publicado na revista Nature Genetics de abril. Porém essas descobertas devem demorar pelo menos 15 anos – dizem eles.
O mal de Alzheimer é a forma mais comum de demência, uma doença cerebral fatal que afeta a memória, o raciocínio, o comportamento e a capacidade de realizar afazeres diários comuns. A doença vem afetando cada vez mais as sociedades e também economias de todo o mundo.
“Estamos começando a juntar as peças do quebra-cabeça e a entender melhor a doença”, afirma Julie Williams, quem liderou o estudo no Centro de Genética e Genômica Neuropsiquiátricas da Universidade de Cardiff (na Inglaterra).
“Se conseguirmos eliminar os efeitos colaterais dos tratamentos com genes, esperamos que possamos então reduzir a proporção de pessoas que contraem Alzheimer a longo prazo”, completa.
Os pesquisadores afirmam ainda que as variantes genéticas encontradas destacam as diferenças específicas em pessoas que contraem Alzheimer, incluindo variações no sistema imunológico e no modo pelo qual o cérebro lida com o colesterol e lipídios, bem como um processo chamado endocitose, que remove as proteínas tóxicas do cérebro.
O MAL
A entidade “Alzheimer’s Disease International” prevê que, conforme a população envelhece, os casos de demência dobrarão a cada 20 anos, atingindo os cerca de 66 milhões de pessoas em 2030 e 115 milhões em 2050 – sendo que a maioria das vítimas se concentra em países pobres.
“O interessante é que os genes que conhecemos agora [os cinco novos, além dos anteriormente identificados] estão agrupados em padrões”, comenta Julie. Os cientistas suspeitam que os genes podem explicar de 60% a 80% do risco de Alzheimer de início tardio – o tipo que se manifesta na velhice.
Por isso, para encontrar novas variantes do gene, a cientista e um grupo internacional de pesquisadores analisaram dados de 25 mil pessoas portadores do mal de Alzheimer e outras 45 mil pessoas saudáveis, que foram usadas como “controles”.
Eles descobriram que variações comuns do gene chamadas ABCA7, EPHA1, CD33 e CD2AP e MS42A estavam relacionados a um risco maior de desenvolver a doença. “Estes cinco genes agora mostram evidência convincente de associação com o mal de Alzheimer”, fala.
Já estudos anteriores sobre o assunto nas últimas décadas demonstraram que as variações do gene conhecidas como CLU, PICALM, CRI, BIN1 e APOE também estão relacionadas ao risco de contrair Alzheimer.