Cientistas do Instituto Médico John Hopkins, nos EUA, desenvolveram um método de transformar células sanguíneas em cardíacas que, segundo eles, é mais simples e barato que os já criados. O estudo foi publicado na última semana pela revista científica PLoS ONE. Para fazer com que células retiradas de uma fonte (como as sanguíneas) sejam transformadas em células de outro tipo (como as cardíacas), normalmente se utilizam vírus. Eles são usados para introduzir um conjunto de genes e, só então, estas células se tornam células-tronco. Contudo, existe a possibilidade de que os vírus causem mutações genéticas – o que pode provocar câncer. A novidade é que o grupo de pesquisadores, liderado por Elias Zambidis, conseguiu inserir genes sem usar vírus. Para tal recorreu aos plasmídeos, anéis de DNA que se reproduzem dentro das células e eventualmente se degradam. O processo exige ainda uma série de fatores de crescimento, nutrientes e condições específicas. Depois que os plasmídeos entram e transferem os genes, as células ficam em um estágio primitivo, do qual podem ser transformadas em diversos tipos – e nesse ponto são chamadas de células-tronco, induzidas à pluripotência (iPSC, na sigla em inglês). O próximo passo é fazer com que elas tomem a forma desejada – no caso de células cardíacas. Para isso foram incubadas em recipientes com menos oxigênio que a atmosfera. “A ideia é recriar condições experimentadas por um embrião no momento em que essas células primitivas se desenvolvem em diferentes tipos”, explica Paul Burridge, quem estudou mais a fundo esta parte do processo. Depois de nove dias as tais iPSC’s se transformaram em células cardíacas funcionais e, ao fim, 94,5% delas tinham atingido o ponto desejado – enquanto que na maioria das pesquisas que esse número não passa de 10%, conforme Zambidis. Contudo, os pesquisadores alertam que a técnica ainda não está pronta para ser testada em humanos, quando pedem que outros cientistas sigam essa mesma linha de pesquisa para conseguir resultados satisfatórios.