Publicação médica inglesa avalia saúde pública brasileira
11/05/2011
A revista médica britânica The Lancet, uma das mais influentes do mundo, publicou no último dia 9 uma série de artigos sobre a situação da saúde pública no Brasil. Na avaliação dos pesquisadores o país deu passos importantes desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, e ainda houve melhoras significativas neste período.
O documento é “uma ampla revisão sobre a saúde e a assistência médica de nossa população”, preparado por uma equipe de 29 especialistas em saúde pública, e que destaca sucessos e fracassos das políticas implementadas.
Os estudos avaliaram a saúde pública brasileira por cinco aspectos: sistema de saúde, saúde das mães e das crianças, doenças infectocontagiosas, doenças crônicas não transmissíveis e violência e lesões físicas.
“O principal sucesso do SUS é o fato de que toda a população pode ter acesso à saúde pública, o que não é comum em países como o Brasil”, comenta o epidemiologista Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas (RS), quem coordenou o projeto.
Entre os destaques positivos os médicos mostram que o país reduziu significativamente a mortalidade causada pela doença de Chagas, pela esquistossomose, pela diarreia infantil e também pela Aids. A vacinação funciona bem e, de acordo com Victora, o Brasil é um exemplo nessa área.
Houve ainda um progresso significativo em relação à maioria dos aspectos citados nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, documento das Nações Unidas.
Mas, por outro lado, a dengue e a leishmaniose visceral foram consideradas fora de controle. A saúde das mães também é uma preocupação, pois há muitos abortos ilegais e os partos são “hipermedicalizados” (metade é de cesarianas). Ainda o avanço da obesidade e de doenças relacionadas a ela também foram citados, assim como o alto número de mortes violentas – seja por crimes ou acidentes.
Contudo, os autores da pesquisa sugerem uma série de ações ao Governo Federal, aos trabalhadores de saúde, ao setor privado, às universidades e também a outras instituições de pesquisa e formação, bem como à sociedade civil, como formas de melhorar a saúde pública nacional.
“O desafio é, em última análise, político, requerendo a participação ativa da sociedade, na perspectiva de assegurar o direito à saúde para toda a população brasileira”, termina o texto.