Identificadas molécula agressiva de câncer de mama e relação entre células doentes com sobrevivência

08/06/2011

Cientistas australianos do Instituto de Pesquisa Médica Garvan, em Sydney, conseguiram identificar uma molécula responsável por fazer com que o câncer de mama do tipo basal, um dos mais agressivos, cresça e se espalhe pelo organismo. A descoberta, que foi divulgada na publicação científica internacional Cancer Research, pode ajudar a desenvolver medicamentos capazes de diminuir o tumor, facilitando o tratamento da doença. “Ele [o câncer de mama basal] tende a afetar mulheres mais novas, e o resultado para estas pacientes é frequentemente ruim”, comenta a patologista e química Sandra O’Toole, uma das responsáveis pelo estudo, enquanto que o pesquisador Alex Swarbrick diz que encontrar um medicamento para este tipo de câncer é uma prioridade. O tumor do tipo basal tem células que se assemelham às células musculares normais da mama – e, de acordo com Swarbrick, não pode ser tratado com os mesmos medicamentos utilizados em outros casos de câncer de mama. “O câncer do tipo basal é chamado de ‘doença triplo negativa’, porque não produz receptores dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, nem da proteína HER2, que são atingidos pelas drogas Tamoxifen e Herceptin, usadas com muita eficácia no tratamento de alguns cânceres de mama”, explica o pesquisador. MOLÉCULA “PORCO-ESPINHO” As células do câncer, conforme o estudo, criam as condições para sua própria sobrevivência, comunicando suas necessidades para as células saudáveis que as rodeiam. A molécula “porco-espinho” (que tem esse nome por causa da aparência espinhosa), contribui com essa comunicação, transmitindo sinais bioquímicos entre as células cancerígenas e as saudáveis do organismo. Ela atua bastante durante o desenvolvimento humano, mas geralmente fica inativa durante a vida adulta. No entanto, pode ser ativada durante alguns tipos de câncer de pele, cérebro e pulmão. – Mas os pesquisadores do Instituto Garvan descobriram que, ao bloquear a molécula, os tumores de câncer de mama do tipo basal encolhem e param de espalhar-se pelo corpo. Segundo os cientistas, testes feitos em 279 mulheres com esse tipo de câncer revelaram que aquelas que tinham moléculas “porco-espinho” ativas apresentaram piores condições. Já outros experimentos feitos com grupos de ratos indicaram que, quando os animais recebiam grandes quantidades da molécula, o câncer era mais agressivo e se espalhava mais. De acordo com Sandra O’Toole, quando a molécula era bloqueada nos ratos, os tumores eram menores e não se espalhavam tanto. “Mostramos que silenciar estas moléculas afeta o crescimento do câncer de mama e sua metástase”, afirma a cientista. Contudo, por causa da associação da molécula com outros tipos de câncer, já há medicamentos que tentam bloquear sua atividade em fase de testes clínicos: “Estamos com esperanças de que usando remédios já disponíveis possamos examinar alguns pacientes com câncer de mama e ver se eles estão sendo eficientes”, continua a pesquisadora. Na Austrália, por exemplo, cerca de 12.500 casos de câncer de mama são identificados a cada ano, sendo 10% deles do tipo basal. CÉLULAS CANCERÍGENAS X SOBREVIVÊNCIA O nível de células cancerígenas que circulam no sangue, provenientes de um tumor, está relacionado com a sobrevivência dos doentes de câncer avançado de próstata. A afirmação vem de um estudo clínico apresentado no último dia 4, que abre o caminho para melhorar os tratamentos da doença. Um dos problemas que impede o progresso na luta contra o câncer é justamente a identificação de indicadores precoces confiáveis que apontem se um tratamento pode prolongar a vida de um enfermo, explica o médico Howard Scher, diretor do serviço de oncologia urológica no Memorial Sloan-Kettering Cancer de Nova York (EUA), coordenador da pesquisa. Scher apresentou o trabalho na conferência anual da Sociedade Norte-americana de Oncologia Clínica – o evento mais importante de oncologia do mundo, realizado na cidade de Chicago (EUA), com mais de 30 mil participantes. Um teste clínico de fase 3, chamado COU-AA, e realizado com 1195 pacientes com câncer avançado de próstata (tratados com um medicamento chamado Zytiga) mostrou que existe uma correlação entre o nível sanguíneo de células cancerígenas e a sobrevivência dos enfermos. Por isso medir o nível dessas células pode favorecer o desenvolvimento de futuros tratamentos. Estes marcadores, contudo, podem ser utilizados para avaliar rapidamente a eficácia de uma nova terapia para prolongar a vida dos doentes, ao invés de testes clínicos mais longos e caros – além do desgaste emocional do paciente.
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