Na última semana a Universidade de Brasília divulgou que um de seus pesquisadores afirma que a técnica utilizada no armazenamento dos bancos de leite pode provocar a perda de nutrientes do alimento. Conforme Luiz Antônio Borgo, da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, o processo de pasteurização do leite provoca variação no teor de gordura, importante para o crescimento dos bebês devido ao valor energético – maior que o dos carboidratos. A pesquisa foi realizada com dez amostras de leite de uma doadora do Hospital Universitário de Brasília, em três estados diferentes: um cru, um recém-pasteurizado e oito congelados. As análises duraram oito meses e encontraram variações tanto para mais como para menos nos ácidos graxos, componentes da gordura. “Cada amostra tinha quantidades diferentes de gordura, mas isso não estava relacionado ao tempo que ficaram congeladas, mas sim a problemas anteriores em relação a esse procedimento”, explica Borgo. O motivo da variação não seria no processo de pasteurização, mas sim na agitação envolvida, de acordo com o pesquisador: “Essa falta de agitação quando o leite está esquentando provoca a ruptura dos glóbulos de gordura, bem como a ascensão deles”. Ainda, conforme a pesquisa, a agitação manual feita a cada cinco minutos nos bancos de leite da cidade seria insuficiente: “Essa pasteurização lenta, sem agitação apropriada, com uma longa exposição ao calor, aumenta a quebra dos glóbulos de gordura”. SUGESTÕES Com a separação, a quantidade de gordura acaba ficando irregularmente dividida ao ser feita a distribuição nas mamadeiras. Além disso, o congelamento do leite também provocaria a separação dos glóbulos de gordura devido aos cristais formados no resfriamento. A solução, de acordo com o cientista, seria a melhoria dos equipamentos públicos e a adequação a padrões internacionais. Também, segundo Borgo, o prejuízo pode ser reduzido com a redução do tempo entre a coleta e a pasteurização, bem como o uso de um sistema de agitação e recipientes menores para a coleta. Contudo – embora defendendo o processo e o material distribuído no Distrito Federal, a Secretaria de Saúde local afirma já ter licitações encaminhadas para a compra de equipamentos que fazem a agitação automática do leite.