Hipnose pode ajudar anestesia local em cirurgias
15/06/2011
Uma combinação de hipnose com anestesia local para determinados tipos de cirurgia pode ajudar na cura de pacientes, além de reduzir tanto o uso de medicamentos quanto o tempo de internação em hospitais. Esse é o resultado de um estudo belga apresentado no último dia 12 durante o congresso anual da Sociedade Europeia de Anestesiologia, em Amsterdã, na Holanda.
Os pesquisadores avaliaram o impacto do emprego da anestesia local e da hipnose em operações de certos tipos de câncer de mama e tireoidectomia (remoção total ou parcial da glândula tireoide). – A técnica também pode evitar a recorrência de tumores e metástases.
A redução da percepção da dor e o conforto do paciente são garantidos, conforme a professora Fabienne Roelants, quem liderou o trabalho ao lado da Dra. Christine Watremez – ambas da Clínica Universitária Saint-Luc, em Bruxelas, que faz um quarto das operações de mama e um terço das de tireoide por esse método.
Para hipnotizar o paciente, um hipnoterapeuta deve conversar com ele durante o procedimento e evitar comandos negativos, com os quais o inconsciente pode não saber lidar. O cirurgião, por sua vez, precisa ser suave, evitar movimentos bruscos e ser capaz de manter a calma em todas as circunstâncias.
No primeiro estudo belga, 18 entre 78 mulheres usaram a hipnose em uma série de procedimentos cirúrgicos de câncer de mama, enquanto que as demais receberam anestesia geral. Apesar das pacientes hipnotizadas terem passado alguns minutos a mais na sala de cirurgia, o uso de drogas nesse grupo diminuiu, assim como o tempo de recuperação e internação.
Já na operação de tireoide, os cientistas compararam os resultados de 18 pacientes do grupo de hipnose e anestesia local, com os de 36 que receberam anestesia geral. Ambos fizeram tireoidectomia por videolaparoscopia, um procedimento minimamente invasivo e, mais uma vez, o uso de remédios na recuperação, bem como a permanência hospitalar foram muito reduzidos no primeiro grupo.
A hipnose é um estado alterado de consciência que se baseia na focalização do olhar em determinado ponto, no relaxamento muscular progressivo ou na recuperação de uma memória agradável. O fato de funcionar em casos médicos tem sido demonstrado por diversos estudos, inclusive por imagens do cérebro com tomografia por emissão de pósitrons (PET) e ressonância magnética.
No entanto, o modo exato de como tal processo ocorre ainda é bastante discutido, quando alguns pesquisadores acreditam que ela (hipnose) impede que as informações cheguem às regiões do córtex cerebral superior, responsáveis pela percepção da dor, enquanto que outros defendem que a técnica permite uma melhor resposta à dor, ativando caminhos que a inibam de forma eficaz.
Além do uso em cirurgias de câncer de mama e tireoidectomia, as autoras do estudo afirmam que a prática poderá,no futuro, ser aplicada em uma série de procedimentos como ginecológicos, oftalmológicos, otorrinolaringológicos, plásticos e contra a infertilidade.
Não há diferenças de sexo ou idade relacionadas com a susceptibilidade à hipnose, dizem os cientistas. Se o paciente estiver motivado, cooperar e confiar nos médicos, funciona.